domingo, 18 de setembro de 2011

Poesias Cinéticas

São poesias em que o autor pode colocar as palavras  dando ao texto uma espécie  de ‘movimento’,de acordo com a poesia. 


Era um homem bem vestido
Foi beber no botequim
Bebeu muito, bebeu tanto
Que
saiu
de
lá
assim.

As casas passavam em volta
Numa procissão sem fim
As coisas todas rodando

O moço entra apressado
Para ver a namorada
E é da seguinte forma
escada.
                         a
                sobe
        ele
Que
Mas lá em cima está o pai
Da pequena que ele adora
E por isso pela escada
 

ele
 

embora.

                 Millôr Fernandes.



Poesias dramáticas

Teatro em forma de poesia, inclui as tragédias e comédias gregas.Surgida na Idade Média ,Essa modalidade ainda existe; em nossa Literatura atual, temos “Morte e Vida Severina” ou “Auto de Natal Pernambucano” , de João Cabral de Melo Neto, e as peças de Ariano Suassuna, dentre elas o “Auto da Compadecida”.

Aqui nessa poesia dramatica,conta a historia de Severino,um morador do sertão nordestino que enfrenta a seca e a pobreza:

Morte e vida Severina

[...]
E somos Severinos
iguais emtudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é morte que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade
até em gente não nascida)
[...]
                 João Cabral de Melo Neto.

Quer saber mais?Acesse:http://rosabe.sites.uol.com.br/genlitpoema.htm

Poesias Sátiricas

A poesia sátira tem a ver com tirar um sarro, ridicularizar ou ironizar através de um texto.Conhecida tambem por poesias azedas e mordaz.Um dos mais famosos escritores foi o Gregorio de Matos,que criticava a todos pobres,ricos,negros e brancos.

Exemplos:
Aqui nessa poesia o autor expressa a  sua indignação pelos 'idolatras falsos':
...
Digam Idólatras falsos,
que estou vendo de contino,
adorarem ao dinheiro,
gula, ambição, e amoricos.
Quantos com capa cristã
professam o judaísmo,
mostrando hipocritamente
devoção à Lei de Cristo!
Quantos com pele de ovelha
são lobos enfurecidos,
ladrões, falsos, e aleivosos,
embusteiros, e assassinos!

...
                        (autor desconhecido)


Poema Barroco: Gregório de Matos – séc XVII

Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando e tem trocado
Tanto negócio e tanto negociante.

Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.

Oh quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!

Quer saber mais?Acesse:
http://paginasclandestinas.blogspot.com/2011/09/barroco-poesias-satiricas.html

sábado, 17 de setembro de 2011

Poemas Narrativos

O poema narrativo, conta uma história e geralmente é mais extenso que os outros. O poeta apresenta os ambientes, os personagens e os acontecimentos e lhes dá uma significação podendo ou não rimar.


Andei buscando esse dia
pelos humildes caminhos
onde se escondem as coisas
que trazem felicidade:
os amuletos dos grilos
e os trevos de quatro folhas...
Só achei flor de saudade.

O arroio levava o tempo.
Ia meu sonho atrás de água.
No chão dormiam abertas
minhas duas mãos sem nada.
Se me chamavam de longe,
se me chamavam de perto,
era perdida a chamada...

Viajei pelas estrelas,
dentro da rosa-dos-ventos.
Trouxe prata em meus cabelos,
pólen da noite sombria...
Mirei no meu coração,
vi os outros, vi meu sonho,
encontrei o que queria.

Já não mais desejo andanças;
tenho meu campo sereno,
com aquela felicidade
que em toda parte buscava.
O tempo fez-me paciente.
A lua, mais doce.
O mar, profunda, erma e brava.
     
                  Cecília Meireles

Quadrilha (Carlos Drummond de Andrade)
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava
Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos,
Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre,
Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história


Fazenda (Drummond)
Vejo o Retiro: suspiro
no vale fundo.
O Retiro ficava longe
do oceanomundo.
Ninguém sabia da Rússia
com sua foice.
A morte escolhia a forma
breve de um coice.
Mulher, abundavam negras
socando milho.
Rês morta, urubus rasantes,
logo em concílio.
O amor das éguas rinchava
no azul do pasto.
E criação e gente, em liga,
tudo era casto..
Quer saber mais?Acesse:

Poesias Liricas

Chama-se lírica a poesia que fala sobre sentimentos e emoções. Recebeu este nome, porque os poemas eram cantados ao som da lira na Antiga Grécia. Alguns exemplos de poesias líricas:

*Poesias líricas em forma de acróstico que no sentido vertical formam o nome de pessoa ou uma frase ou apenas uma palavra.
Menina
Menina de serenos olhos,
Amiga daqueles que te rodeiam.
Refletes nas tuas perfeitas feições
Todo o puro, verdadeiro e sincero
Amor de tua alma-criança.

Festejo cada encontro nosso,
Recolho cada palavra de carinho,
Imagino cada emoção sentida...
Elevo o pensamento aos céus,
Depois da cada dia vivido,
Respeitosamente pedindo a tua felicidade.
Impresso na foto está o teu rosto sorridente
Colocado no porta-retrato da mente,
Habituando-me eu, assim, à tua presença.

Busco compreender os vôos inquietos da tua fantasia,
Riqueza permitida apenas ao mundo-criança.
Agrada-me saber que tens sonhos
Unicamente, porque aqueces os corações
Neles penetrando com a força de teu carinho
Mardilê Friedrich Fabre
*EPITÁFIO, em geral, são versos escritos em túmulos para homenagear pessoas ali sepultadas, mas figuradamente podem ser dirigidos a outros seres.

Aqui jaz o Sol

Que criou a aurora
E deu luz ao dia
E apascentou a tarde

O mágico pastor
De mãos luminosas
Que fecundou as rosas
E as despetalou.

Aqui jaz o Sol
O andrógino meigo
E violento, que

Possuiu a forma
De todas as mulheres
E morreu no mar.

Vinicius de Morais
*SONETO, pequena composição lirica poética composta de 14 versos, com número variável de sílabas, sendo o mais freqüente o decassílabo, e cujo último verso (dito chave de ouro) concentra em si a idéia principal do poema ou deve encerrá-lo de maneira a encantar ou surpreender o leitor.
Rua dos Cataventos I

Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
verde!... e que leves, lindas filigranas
desenha o sol na página deserta!

Não sei que paisagista doidivanas
mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
vai colorindo as horas quotidianas

Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...

Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!

Mário Quintana